2008/01/13

Guerras passadas: DVD-Audio vs SACD

Li este artigo interessante que compara a actual guerra de formatos HD DVD / Blu ray com a que se passou há algum tempo atrás nos formatos áudio de "alta-definição".

Efectivamente, este guerra do áudio - que passou ao lado da maioria dos consumidores - é a prova evidente que a versatilidade, portabilidade, e principalmente - a disponibilidade, são os factores que mais interessam à grande maioria das pessoas.

Tendo-se "esgotado" o mercado dos CDs (leia-se: toda a gente já tinha re-comprado todas as suas colecções de discos em vinil na nova e melhorada versão digital em CD,) eis que era altura de anunciar um novo formato áudio, para que todos voltassem a comprar as suas músicas favoritas novamente.

Obviamente, o plano falhou. Não posso dizer que conheça muita gente que tenha um DVD-Audio, e ainda menos quem tenha um leitor SACD (Super Audio CD.)

E porque falhou? Não só porque o CD oferece qualidade "suficiente", mas porque surgiu um formato que veio revolucionar a forma como a música era ouvida e partilhada, o MP3.

Mesmo sem oferecer a melhor qualidade possível, o formato MP3 invadiu as nossas casas, obliterando completamente esses super-formatos aúdio.


Veremos o que sucede com os formatos vídeo. Assim que as pessoas começarem a ver o que é a alta-definição e quiserem tirar partido dela - quantos preferirão usar leitores "upscale" que transformam os seus DVDs normais em imagens HD? Quantos irão comprar os filmes que já tinham comprado em VHS, e depois em DVD, agora em Blu ray?
E mais importante, quantos é que passarão a fazer downloads dos filmes em alta definição da internet, à semelhança do que acontece com os MP3?

Filmes HD a 720p de 4GB com qualidade equivalente aos Blu ray e HD DVD, e filmes 1080p a ocupar 8GB... até poderia parecer loucura fazer download disso há uns anos atrás. Mas com as ligações de 16, 24, 30, e até os 100Mb/s anunciados pela Netcabo até ao fim do ano... que me dizem vocês?

A 16Mbits, sacar 4GB leva pouco mais de meia hora - permitiria mesmo começar a ver o filme imediatamente em streaming. Com 100Mbits, sacar um filme de 8GB demora pouco mais de 10 minutos.


Isto apenas obriga a que a indústria de distribuição se adapte aos novos tempos. Na Suécia já se fala na legalização da partilha de conteúdos P2P.

Com as editoras a abandonar os DRM nos formatos musicais, é altura de deixarem de considerar os seus clientes criminosos, e preocuparem-se sem fornecer os conteúdos tal como são desejados.
Não me importo de pagar para ver um filme, mas quero poder vê-lo em qualquer das minhas televisões, ou no meu PC, ou no meu portátil, ou num iPod, quando quiser, como quiser, sem ter que me preocupar em instalar software proprietário infestado de rootkits e que me apaga programas que me permitam fazer uma cópia dele.

4 comentários:

  1. O meu equipamento de home cinema (Sone DAV-SR4W) funciona com SACD. Tenho apenas um disco com essa qualidade (Pink Floyd "The Dark Side Of The Moon") e soa um espanto. Não tem comparação para o cd normal.
    Esse disco bem mais que efeito surround pois parece ter sido feito para o sofá e de modo a colocar o ouvinte num campo gravitacional em que objectos desfilam em nosso redor mas que os músicos produzem sons posicionadas nesse campo. Quase parece que o som de cada um tem um ponto de proveniência e a união do som é mais que stereo pois chega-nos dirigida. Não consigo descrever a excelência da produção deste SACD bastas vezes reconhecido mundialmente como um bom exemplo. E pensar que já leva mais de 30 anos de gravação...

    Quanto ao teu artigo produzi um onde revelo que estamos em sintonia de pensamentos. A argumentação é à minha maneira e tornou-se longa pelo que dividi o artigo em dois.

    A primeira parte é esta:
    http://armpauloferreira.blogspot.com/2008/01/hd-guerra-de-formatos-fisicos-mas-sem.html

    A segunda aparecerá depois quando a acabar (já vai longe a noite...) Diz algo lá se o entenderes.

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  2. Disseste tudo logo no primeiro parágrafo: tens apenas 1 SACD.

    Ninguém nega que um SACD tenha mais qualidade que um CD, mas se fores comparar o áudio de um SACD com o de um DVD "normal", em DTS ou AC3, as diferenças serão imperceptíveis.

    Aliás, com gravações de "referência", tipo os CDs da Telarc, duvido que a maioria das pessoas consiga sequer distinguir esses CDs de qualquer "Super-formato" - e nem vamos entrar na parte audiófila dos amplificadores e colunas... :)

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  3. Sim não vale a pena sacar da qualidade de reprodução das colunas e do aparelho...

    Mas é verdade, só tenho um SACD e tenho pena!
    Na altura ainda houve algumas edições do Beck e da Bjork, que me motivaram interesse mas não os comprei. A verdade é que isso não se massificou como merecia. A SONY através da sua editora ainda foi lançando umas coisitas mas os títulos em abundância eram dos artistas muito pop, que não são sinónimos de audiófilos e amantes de música.

    Entretanto paraece que o mundo prefere andar para trás com o MP3... Basta ele ser mais practico que já é bom. mas nem tudo terá sido por ser fácil. Se a música fosse dificil de obter pela nete e custasse bom dinheiro, até o iPod estaria condenado!

    Como os torrents e P2P o video vai encontrar o seu caminho e a guerra de formatos "webHD" vai acabar por ser outra: Divx vs H.264.

    E pá já estou a lançar os trunfos do meu segundo tomo... Logo publico o resto do assunto.

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  4. A segunda parte está publicada. Foi lançada antes da keynote de Steve jobs da Apple na MacWorld 2008.
    Curiosamente a Apple mostrou um novo caminho (já prenunciado) para esta temática. Olha que não andei muito longe na minha análise que até mencionei o streaming (mas não desenvolvi esse caminho).

    Não sei o que pensas disto... A ver aqui:
    http://armpauloferreira.blogspot.com/2008/01/hd-os-formatos-nao-fisicos-serao.html

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